Eu devia ter entre seis e sete anos quando este episódio ocorreu. Não lembro se o meu irmão mais novo já era nascido, mas isso também não é importante:
Esse dia devia ser feriado, porque não fui às aulas. Sempre gostei da escola, talvez por me sentir muito solitária. Lembro, como se fosse hoje, do dia em que fui “barrada” no jardim-de-infância, porque ao invés de usar calças vermelhas em tecido, usava calças vermelhas de lãzinha. Para as directoras devia ser mais importante manter um sistema igualitário (era um jardim-de-infância público e, se calhar, eu parecia muito ‘phina’ com aquelas calças), do que ligar para os sentimentos de uma criança que foi proibida de entrar na escola. Lembro de chorar até soluçar em cima do balcão da padaria, ao lado da caixa registadora. Um trauma.
E porque nunca faltava às aulas – nem meu pai o permitiria, a não ser que eu estivesse já com um pé no caixão – penso que devia ser um feriado. Todos os dias, depois do jornal da hora do almoço, passava o “Vale a Pena Ver de Novo” e a famosa “Sessão da Tarde”. Eu adorava os filmes… Assisti muitos clássicos e romances “água com açúcar”, já que os clássicos mais densos ficavam para a madrugada (mas, eu só descobri a “Sessão Coruja”, como se chamava, quando cheguei à ‘aborrescência’).
Naquele dia estava programado um filme que marcou a minha vida e os meus sonhos de criança: “Sissi”.
A princesa era linda e a história era mais bonita ainda (para os meus pobres padrões românticos e infantis). Inesquecível a cena em que a irmã pensa que ele lhe vai entregar as rosas (o que simbolizava que ela era a noiva escolhida por ele), e o príncipe entrega à Sissi.
Devorei o filme e chorei rios de lágrimas pelos dois dias seguintes, porque passavam os outros dois filmes da trilogia e eu tinha que ir para o colégio. A minha mãe foi inflexível.
Para piorar, a Jaqueline, minha amiga lá na rua, também filha de portugueses, ganhou uma boneca Sissi. Era linda. Bem, eu tinha uma Susie, que a minha mãe trouxe quando foi à entrega do espadim do meu irmão Carlinhos. Mas, apesar do vestido comprido vermelho que ela tinha, não se comparava ao vestido de baile da Sissi…
Muitos e muitos anos depois, se não estava na faculdade estava prestes a entrar, vi num clube de vídeo os três filmes e outros com a mesma actriz, Romy Schneider. É claro que não sosseguei enquanto não assisti todos os que estavam disponíveis (A triologia da Sissi, Os Jovens Anos de uma Rainha, o Imperador e a Padeira, Ludwig).
Já em Portugal, comprei uma biografia sobre Sissi (A Imperatriz) e um outro livro onde romanceiam um ‘possível’ episódio de sua vida (A Valsa Inacabada).
Sempre que falava a LF que um dia gostava de lá ir, ele dizia que a Áustria era um lindo país (já lá esteve), mas que era muito caro.
Bem, o meu sonho de infância vai realizar-se na próxima terça-feira: Vamos até Viena! Eu vou ver o castelo da Sissi!
Esse dia devia ser feriado, porque não fui às aulas. Sempre gostei da escola, talvez por me sentir muito solitária. Lembro, como se fosse hoje, do dia em que fui “barrada” no jardim-de-infância, porque ao invés de usar calças vermelhas em tecido, usava calças vermelhas de lãzinha. Para as directoras devia ser mais importante manter um sistema igualitário (era um jardim-de-infância público e, se calhar, eu parecia muito ‘phina’ com aquelas calças), do que ligar para os sentimentos de uma criança que foi proibida de entrar na escola. Lembro de chorar até soluçar em cima do balcão da padaria, ao lado da caixa registadora. Um trauma.
E porque nunca faltava às aulas – nem meu pai o permitiria, a não ser que eu estivesse já com um pé no caixão – penso que devia ser um feriado. Todos os dias, depois do jornal da hora do almoço, passava o “Vale a Pena Ver de Novo” e a famosa “Sessão da Tarde”. Eu adorava os filmes… Assisti muitos clássicos e romances “água com açúcar”, já que os clássicos mais densos ficavam para a madrugada (mas, eu só descobri a “Sessão Coruja”, como se chamava, quando cheguei à ‘aborrescência’).
Naquele dia estava programado um filme que marcou a minha vida e os meus sonhos de criança: “Sissi”.
A princesa era linda e a história era mais bonita ainda (para os meus pobres padrões românticos e infantis). Inesquecível a cena em que a irmã pensa que ele lhe vai entregar as rosas (o que simbolizava que ela era a noiva escolhida por ele), e o príncipe entrega à Sissi.

Para piorar, a Jaqueline, minha amiga lá na rua, também filha de portugueses, ganhou uma boneca Sissi. Era linda. Bem, eu tinha uma Susie, que a minha mãe trouxe quando foi à entrega do espadim do meu irmão Carlinhos. Mas, apesar do vestido comprido vermelho que ela tinha, não se comparava ao vestido de baile da Sissi…
Muitos e muitos anos depois, se não estava na faculdade estava prestes a entrar, vi num clube de vídeo os três filmes e outros com a mesma actriz, Romy Schneider. É claro que não sosseguei enquanto não assisti todos os que estavam disponíveis (A triologia da Sissi, Os Jovens Anos de uma Rainha, o Imperador e a Padeira, Ludwig).
Já em Portugal, comprei uma biografia sobre Sissi (A Imperatriz) e um outro livro onde romanceiam um ‘possível’ episódio de sua vida (A Valsa Inacabada).
Sempre que falava a LF que um dia gostava de lá ir, ele dizia que a Áustria era um lindo país (já lá esteve), mas que era muito caro.
Bem, o meu sonho de infância vai realizar-se na próxima terça-feira: Vamos até Viena! Eu vou ver o castelo da Sissi!
