quinta-feira, março 29, 2007

Racismo

Poucas vezes senti o racismo em Portugal. Talvez porque, à primeira vista, eu não pareça brasileira. Quando isso ocorre, não ligo. Quer dizer... Não ligo, mas fica um travo amargo na boca quando lembro.
A última vez foi há cerca de uma semana, em pleno centro de Pombal. Um indivíduo estava a vender autocolantes (desses em prol dos toxicodependentes) e eu ia para uma conferência de imprensa na Câmara. Bem, o homem salta na minha frente e dispara logo: "Estou autorizado pelo Governo Civil a fazer esta iniciativa...", ao mesmo tempo em que coloca o autocolante na minha mão, que já estava levantada para dizer que não.
Fiquei assustada e parei, ao mesmo tempo em que começava a dizer que estava atrasada para uma conferência e... Nem pude continuar. O homem tirou o autocolante da minha mão, olhou nos meus olhos e disse, com desdém: "Ah, brasileira".... Virou-me as costas e foi embora à procura de outra pessoa.
Na altura só me deu vontade de rir. Nunca pensei que o facto de ter sotaque brasileiro fosse afastar pedintes.
Depois, fiquei com uma tristeza imensa. No fim-de-semana, Salazar foi eleito o maior português de todos os tempos. Fiquei mais triste ainda.
Hoje leio que o Partido Nacional Renovador (PNR) lançou uma campanha contra os imigrantes. No Marquês de Pombal, em Lisboa, há um cartaz onde está escrito: “Basta de Imigração. Nacionalismo é solução. Façam boa viagem.”

O que mais posso dizer? Fico triste, claro que fico triste...

1 comentário:

Anónimo disse...

Não me lembro nos últimos tempos de ver oportunidade tão flagrante para aplicar um ditado popular tão primário: "Vozes de burro não chegam ao céu.".

PS: Adivinha quem é o céu.